domingo, 23 de janeiro de 2011

E começou assim...

Ah acabei esquecendo do intuito desse blog. Pode ter certeza que quase ninguém entenderá. Mas o que importa? Nem eu entendo mesmo, ora ora. Passei muito tempo querendo entender tudo o que aconteceu (e o que não aconteceu também!).

O dia estava frio. Especialmente aquele dia estava muito frio mesmo. Um frio úmido e o dia teimava em passar. Sentado na minha cadeira, de frente com meu computador, fazia planilhas intermináveis de cálculos e mais cálculos no excel (Ei Microsoft, olha o "merchan"). Eu era a única pessoa da produtora que trabalhava com números. O silêncio me incomodava as vezes. Mas ele era quebrado pelos berros da produtora cultural que estava no meio de um projeto grande.

Fazia pouco tempo que tinha voltado ao Brasil, depois de uma temporada longe de tudo, de família, amigos, problemas (e não problemas), pessoas chatas, pessoas legais, enfim, vocês (leitores) entenderam a amplitude da coisa toda. 

Entrei no meu messenger (viva Microsoft!), tinha adicionado algumas pessoas "diferente". Ok, confesso. Paquerinhas quase que inúteis, mas que alguns me faziam rir, pensar um pouco e falar sobre algumas besteiras mundanas. Conversa básica:

- Olá, tudo bem?
- Desculpa, mas não me lembro de você. (Phoda-se se você não se lembra de mim)
- Ah, lembrei de você. Tudo bem? (Palhaçada!)
- Eu estou bem sim, apesar do dia cinzento, da falta de vontade de trabalhar e do frio, estou ótimo. Estou com vontade de comprar um cachecol de tanto frio.
- Bacana, compra ué. (Essa era a hora para acabar com a conversa ali mesmo).
- Boa idéia, vou comprar, tem uma loja aqui na esquina. Me passa seu telefone? (Sempre fui bem cara de pau e direto).
- Volto logo, vou comprar.
- Alô. tudo bem? Estou indo comprar o tal cachecol, me ajuda a escolher? (Sempre idiotamente direto).
- Oi moça, tudo bem estou procurando um cachecol. 
- Ah sim, mas não temos mais cachecol, só chale. Mas se você dobrá-lo, ninguém percebe (Abafo esse diálogo da vendedora para a pessoa do outro lado não escutar).
- Ah claro, que cor você tem?
- Marrom e azul.
- Posso ver o marrom?
- Claro, ele é meio brilhante (Droga! Não deu tempo de abafar essa fala da vendedora e a pessoa do outro lado escutou).
- Para! Você não vai comprar esse marrom, é brilhante. De mulher!!
- Ok moça, deixa eu ver o azul. 
- Olha, o azul nem é brilhante, posso comprar esse então?
- Deve ser brilhante, mas menos brilhante. (Vontade de te mandar a merda!)
- CPF na nota?
- Não obrigado.

- Vai trabalhar até que horas?
- Não tenho horário fixo, faço meus horários.
- Entendi.
- Eu (Michel) queria tomar uma cerveja, que acha?
- Claro. É sempre bacana tomar cerveja despretensiosamente.
- Que horas?
- As 19:00h, dependo do carro da minha mãe para me locomover.
- Sem crise. Vila Madalena?

Desliguei o celular e fiquei pensando na merda que eu tinha feito. Cansado, andava tão anti-social, estava com uma influência francesa negativa, de ser antipático.
O tempo passou se arrastando. Desci, entrei num táxi, e o maldito taxista resolve puxar conversa. Liguei pra minha mãe para não ter que responder os absurdos questionados.
Cheguei. Detesto atraso. Mas eu me atrasei.

Incompatibilidade momentânea que infelizmente eu não teria mais controle a partir daquele momento.

"Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito."
Machado de Assis

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