segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Abandono!

Não sinta que abandonei esse lugar, abandonar essa idéia seria como abandonar a verdadeira descoberta de tudo isso. Também não ando sem inspiração, ao contrário, ando com tanta que quando vou escrever, me perco em verbos, paráfrases, substantivos e adjetivos. Da mesma forma que um dia me perdi. Sim, me perdi. Me perdi de mim, de você, perdi o som, o sol e até mesmo aquela lua. Lembra aquela lua que eu ganhei numa madrugada cheia de estrelas. Gostaria de ter colocado aquela lua no rack da "belina". Ah, a "belina", até ela me levaram. Começaram a me levar tudo, começando por ela. Depois não lembro qual me levaram. Mas, por fim, me levaram você. Acabei ficando com uma parte sua, talvez a que eu menos gostaria de ter ficado, mas acabou me deixando sim. Além do segredo? Já diria Rita Lee: "o vírus do amor".

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Morreu

Nosso sonho morreu. Devagarinho,
Rezemos uma prece doce e triste
Por alma desse sonho! Vá… baixinho…
Por esse sonho, amor, que não existe!

Vamos encher-lhe o seu caixão dolente
De roxas violetas; triste cor!
Triste como ele, nascido ao sol poente,
O nosso sonho… ai!… reza baixo… amor…

Foste tu que o mataste! E foi sorrindo,
Foi sorrindo e cantando alegremente,
Que tu mataste o nosso sonho lindo!

Nosso sonho morreu… Reza mansinho…
Ai, talvez que rezando, docemente,
O nosso sonho acorde… mais baixinho…
Florbela Espanca

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Seguro!

Dá-se o nome de seguro (do latim "securu") a todo contrato pelo qual uma das partes, segurador, se obriga a indenizar a outra, segurado, em caso da ocorrência de determinados sinistro, em troca do recebimento de um prêmio de seguro.

Sabe, sinto que sou uma pessoa segura. Mas esses dias que passaram, senti que essa segurança se abalou por algum motivo que eu não sei qual é. Até que desconfio.

A ausência de pessoas me faz ficar assim. Gostaria de poder contar, desabafar, dividir, pedir colo, ajuda, opinião para pessoas ausentes no momento. Minha maior insegurança é tentar saber se essa ausência será prolongada. Gostaria que esse deserto da espera, fosse cortado o mais rápido possível. Gostaria de me sentir mais seguro. Talvez um dia eu me sinta. Mas até lá, eu espero. Vou esperar sempre.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Coisas da vida...

"O amor enfim
Ficou senhor de mim
E eu fiquei assim
Calado, sem latim
Coisas da vida" Milton Nascimento

"Já liguei pra quem não queria
Apenas para não ligar para quem realmnete queria
já corri atrás de um carro,
por que ele levava alguém que eu amava embora." Clarice Lispector

Fora da casinha. Sim, fora da minha casinha. Resolvi me dar mais uma chance de ser feliz e descobrir que há tanta vida lá fora. Descobri que gostei de ficar sentado na paulista, segurando a Descoberto do Mundo, rindo com a Alessandra. Descobri que consigo sentar num café e tomar uma cerveja com pessoas que nunca vi na vida e tecer um calhau de assuntos interessantes. Descobri que eu não precisava de muito pra viver, apenas sair de casa.
Precisava de um empurrão para passear pela Augusta olhando tudo que há de novo, e lembrando o que foi de velho. Rindo. Rindo. Rindo. Descobri que posso ouvir Coração Pirata e ter alguém do lado que também gosta disso. Descobri que posso dar idéias para pessoas que nem conheço, e o pior, elas gostarem.
Descobri que, apesar da saudade, eu posso levar no coração os momentos antigos e dar espaço para criar novos. Descobri que posso colocar pessoas novas no meu coração. Mas pode se tranqüilizar, existe um espaço ainda para as coisas da vida.

domingo, 23 de janeiro de 2011

E começou assim...

Ah acabei esquecendo do intuito desse blog. Pode ter certeza que quase ninguém entenderá. Mas o que importa? Nem eu entendo mesmo, ora ora. Passei muito tempo querendo entender tudo o que aconteceu (e o que não aconteceu também!).

O dia estava frio. Especialmente aquele dia estava muito frio mesmo. Um frio úmido e o dia teimava em passar. Sentado na minha cadeira, de frente com meu computador, fazia planilhas intermináveis de cálculos e mais cálculos no excel (Ei Microsoft, olha o "merchan"). Eu era a única pessoa da produtora que trabalhava com números. O silêncio me incomodava as vezes. Mas ele era quebrado pelos berros da produtora cultural que estava no meio de um projeto grande.

Fazia pouco tempo que tinha voltado ao Brasil, depois de uma temporada longe de tudo, de família, amigos, problemas (e não problemas), pessoas chatas, pessoas legais, enfim, vocês (leitores) entenderam a amplitude da coisa toda. 

Entrei no meu messenger (viva Microsoft!), tinha adicionado algumas pessoas "diferente". Ok, confesso. Paquerinhas quase que inúteis, mas que alguns me faziam rir, pensar um pouco e falar sobre algumas besteiras mundanas. Conversa básica:

- Olá, tudo bem?
- Desculpa, mas não me lembro de você. (Phoda-se se você não se lembra de mim)
- Ah, lembrei de você. Tudo bem? (Palhaçada!)
- Eu estou bem sim, apesar do dia cinzento, da falta de vontade de trabalhar e do frio, estou ótimo. Estou com vontade de comprar um cachecol de tanto frio.
- Bacana, compra ué. (Essa era a hora para acabar com a conversa ali mesmo).
- Boa idéia, vou comprar, tem uma loja aqui na esquina. Me passa seu telefone? (Sempre fui bem cara de pau e direto).
- Volto logo, vou comprar.
- Alô. tudo bem? Estou indo comprar o tal cachecol, me ajuda a escolher? (Sempre idiotamente direto).
- Oi moça, tudo bem estou procurando um cachecol. 
- Ah sim, mas não temos mais cachecol, só chale. Mas se você dobrá-lo, ninguém percebe (Abafo esse diálogo da vendedora para a pessoa do outro lado não escutar).
- Ah claro, que cor você tem?
- Marrom e azul.
- Posso ver o marrom?
- Claro, ele é meio brilhante (Droga! Não deu tempo de abafar essa fala da vendedora e a pessoa do outro lado escutou).
- Para! Você não vai comprar esse marrom, é brilhante. De mulher!!
- Ok moça, deixa eu ver o azul. 
- Olha, o azul nem é brilhante, posso comprar esse então?
- Deve ser brilhante, mas menos brilhante. (Vontade de te mandar a merda!)
- CPF na nota?
- Não obrigado.

- Vai trabalhar até que horas?
- Não tenho horário fixo, faço meus horários.
- Entendi.
- Eu (Michel) queria tomar uma cerveja, que acha?
- Claro. É sempre bacana tomar cerveja despretensiosamente.
- Que horas?
- As 19:00h, dependo do carro da minha mãe para me locomover.
- Sem crise. Vila Madalena?

Desliguei o celular e fiquei pensando na merda que eu tinha feito. Cansado, andava tão anti-social, estava com uma influência francesa negativa, de ser antipático.
O tempo passou se arrastando. Desci, entrei num táxi, e o maldito taxista resolve puxar conversa. Liguei pra minha mãe para não ter que responder os absurdos questionados.
Cheguei. Detesto atraso. Mas eu me atrasei.

Incompatibilidade momentânea que infelizmente eu não teria mais controle a partir daquele momento.

"Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito."
Machado de Assis

Já pensou que fascinante conhecer o passado de um espelho? "Gih Botão"

Fiquei refletindo sobre essa frase. E alguém imaginou como deve ser o passado de um espelho? Deve ser tão profundo, um universo tão imenso. Mas aí resolvi afunilar mais o pensamento: já imaginou como deve ser o passado do meu espelho? Eu converso com ele, fico me olhando escovando os dentes e pensando de como será meu dia, como foi meu dia anterior, me pego pensando em pessoas e fatos.

Meu espelho seria um filme. Já falei tanto mal de pessoas de frente a ele. Já chorei tanto, já fiz perguntas e confissões, perguntei se eu estava gordo, magro, olheiras. Perguntei o porque as pessoas morrem, porque algumas vão embora. Perguntei porque algumas pessoas são tão covardes e se essas, conversam com seus espelhos. Como será que essas pessoas se encaram?





Posso falar por mim, encaro tudo tão de frente, de forma tão honesta, que me irrito comigo (e com o espelho) por ser assim. O fato é, como será que é o passado do seu espelho? Isso mesmo, você ai que talvez se esconda atrás de um blackberry, de um e-mail, de um sms, será que você consegue se esconder do teu espelho?

sábado, 22 de janeiro de 2011

Post Curto!

Sim. Definitivamente a bebida do século é o vinho. E viva o vinho branco. Seja ele chileno, argentino, português (gostei desse notebook novo, todo em inglês, mas me perco nos acentos). 

E para este post curto, quero falar de uma música que há dias, não me sai da cabeça. Diz assim:

Vamos fazer um trato, uma combinação?

De que forma, de que jeito, agora vamos viver
Sem claustrofobia, sem tristeza e dor
Um profundo, intenso ,leve e provisório amor

No tempo de um abraço

Aceito sua proposta
Você me leva à loucura
Falando ao meu ouvido
No meio da rua

No tempo de um abraço

Você é outra pessoa
Esqueço os nossos conflitos
E posso levantar da cama
Todos os dias

Vamos cantar e viver
Dá pra imaginar por que eu estou aqui?

A verdade de repente tomou conta de mim
Minha defesa agora quero apresentar
Admito simplesmente que me arrependi


É do Kid Abelha. Sim, adoro eles. Faz parte da minha adolescência (da minha, da MIlzinha, da Déia, da Rô, da Gabix e de todo mundo). Aí eu pergunto: o que é um provisório amor? Definitivamente, é algo que eu não queria pra minha vida. Detesto coisas provisórias, gosto de tudo que dura muito. Sonhos que duram décadas, promessas que na nossa cabeça nunca se acabam, amizades que permeiam no tempo (escrevi bonito!). Gosto de coisas palpáveis. Longas e duradouras. E esse post é pra você, que me fez acreditar que nada é provisório, muito menos o amor.
E tenho dito!

Simplesmente

Composição: Samuel Rosa | Chico Amaral
Simplesmente posso esperar
Aqui por você, uma eternidade
Uma tarde inteira
Simplesmente posso encontrar
Qualquer distração, ruas da cidade
Restos de uma feira
Tomo um atalho no lago
Só pra te perder
Enquanto olho os aviões
Nada tremeu no ar
Não vi nem um sinal
Simplesmente eu posso esperar
Simplesmente posso esquecer
Da guerra ou da paz
Uma eternidade, uma tarde inteira
Calmamente posso contar
As nuvens no céu
Rostos na vidraça, flores nessa praça
Desço a Consolação só pra coincidir
Leio manchetes por aí
Nada tremeu no ar
Não vi nem um sinal
Mesmo assim eu posso esperar
Até deixar um recado na tarde
Uma simples saudade
Que você vai sentir quando sentar-se a mesa
Uma simples certeza
Que agora é você quem espera por mim

"O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto." Fernando Pessoa

Senti saudades.
Na verdade uma saudade meio, como posso dizer, saudade desculpada. Sim, saudade desculpada. 

Apesar de se ter no meu passado, algo do que tenho que me desculpar, sinto saudades disso. Sim, era um segredo. Havia dado minha palavra que era um segredo. Compartilhei o segredo com uma, depois duas, e no meio dessas duas, uma "meia" pessoa. Juro que não lembrava dessa "meia" pessoa. Mas ela existiu. Culpo o álcool. Não, não culpo o álcool, culpo a vontade de dividir uma coisa para que eu tivesse ajuda para suportar.

Ah, foi mais ou menos isso. Mas não sinto como traído a confiança do segredo, porque não foi por maldade, foi apenas por não aguentar a angústia de ter que ser o pilar desse segredo.
Pode acreditar, mas não me arrependo. Gostaria que isso service de lição para que tudo fosse claro, óbvio e objetivo. Acredite, foi por amor. 
Nunca ninguém acreditará, mas foi por amor. Foi para mostrar que mesmo sendo um segredo, as pessoas amariam esse segredo, da mesma forma que eu amei. E cada pessoa amaria o segredo de tal forma, que o guardaria para ela própria. Mas como isso? Prolixo!

O que será que houve com o segredo? O que será que houve com o que se envolveu esse segredo?
Sei que eu, cá estou, convivendo com ele. Mas e você? Você apenas convive com o fato de que existiu esse segredo. E mesmo por eu não ter optado fazer parte dele, eu faço. Achei que pudéssemos seguir com isso (o segredo) juntos. Mas, por conta disso, fizeram o pior que delatar o segredo: quebrar a promessa de segui-lo juntos.

"Aquele a quem você confia seu segredo torna-se senhor de sua liberdade." 
 

"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever" Clarice Lispector

Me peguei com um questionamento mental (sim, eu penso as vezes!) de que como é difícil dissociar certas coisas de uma pessoa. 

Criamos "links" emocionais para algumas coisas, vou tentar explicar. Por exemplo, eu não consigo chamar a minha melhor amiga pelo nome ou qualquer outro apelido que ela gostaria que eu chamasse, pra mim, ela sempre será a Mil. Sim, Mil de 1000, ops, de Milena. Coisas que falo muito, como por exemplo: entendo. Sempre quando falo isso, acabo que me lembro de uma pessoa bem especial, ou talvez tenha sido bem especial, e que sempre quando eu falava entendo, essa pessoa fazia uma cara muito linda e repetia: "entendo", como se realmente me entendesse por alguns instantes. Falo isso, porque deve ser tão difícil entender uma pessoa como eu, que vai do céu ao inferno em poucos segundos.

Não me convenço tão facilmente de algumas coisas na vida. Ah sim, "vida" também me remete a essas coisas de lincagem gramatical com pessoas.

Alguém me responde uma pergunta: como "deslincar" palavras das pessoas? Caso alguém saiba, por favor, me mande um e-mail contando como fazer isso. Já tentei achar explicação na postagem anterior. Não quero mais explicação, apenas uma solução. Caso eu descubra sozinho, eu compartilho com a humanidade. Risos.
Por enquanto, vou continuar lincando essas coisas, quem sabe uma hora, eu esqueço da pessoa que, em algum momento, me fez feliz para lincar tudo isso. 

Complicado, não?!

Não Precisam ser explicadas!

Existem certas coisas que não precisam ser explicadas (de fato). Melhor dizendo, a maioria das coisas nem precisam de explicação, elas falam por si. Devaneios a parte, fico imaginando por que fazer um blog. E dessa forma, voltamos a primeira frase: sem explicações. Talvez uma fuga, uma maneira de externar qualquer tipo de sentimento, até mesmo mostrar que é (realmente) louco.

São diversas coisas que passam pela cabeça, difícil dizer qual a realidade.

Acabei de me lembrar de uma música que sempre me vem a cabeça (Oi?): "achei um 3x4 seu e não quis acreditar que tenha sido tanto tempo atrás, um exemplo de lealdade e respeito, que o verdadeiro amor é capaz...". Já diria Rita Lee: "será que a gente aguenta?", sinceramente não sei. Mas tentarei organizar tudo o que tenho pra dizer, e vou contar como tudo começou, quem sabe no final de tudo, ache a tal explicação.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Por Não Estarem Distraídos



de 




Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.


Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.



Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.



No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.
Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.



Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.